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Urbanismo | Cultura | Associativismo e Juventude | Económico e Social | Saúde

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Coimbra - Desenvolvimento, Qualificação e Coesão

O desmembramento da “velha” indústria, a dificuldade em atrair novo investimento e a consequente dificuldade em ultrapassar o desemprego, são factores que devem recentrar a atenção de Coimbra, no que respeita ao seu modelo de desenvolvimento.

São várias as unidades industriais, em sectores como a cerâmica e o têxtil – outrora motivo de orgulho para a cidade – que fecham as suas portas ante a completa passividade dos poderes públicos. Por outro lado, apesar das aparentes vantagens que resultam do contexto universitário ou de uma estratégica localização geográfica, é tímida a capacidade de Coimbra para atrair novos projectos empresariais. Disto resultam, para já, 6400 desempregados e um êxodo crescente, em número por calcular.

Assim, deve Coimbra resignar-se a uma suposta vocação terciária e abdicar, definitivamente, da indústria? Resignar-se à saída dos mais jovens, à míngua de oportunidades profissionais? Deve Coimbra encarar como uma espécie de “fatalidade” histórica o fim de, por exemplo, todo o têxtil e toda a cerâmica? Deve Coimbra, nesta última perspectiva, apostar exclusivamente nas indústrias “tecnológicas”?


1.CONSELHO MUNICIPAL DE CONCERTAÇÃO SOCIAL

Acreditamos que à Autarquia cabe um papel activo, de luta pela sobrevivência das empresas do Concelho e pela manutenção de postos de trabalho, mesmo nos sectores ditos tradicionais. Apostamos num modelo de concertação social, a partir do Município, apto a conciliar os vários actores relevantes para aquele desígnio.

Descontando casos de manifesta inviabilidade económica, é urgente a criação de uma plataforma que corrija assincronias naturais, articulando, especialmente, a acção dos Sindicatos, do Estado (ora credor, ora financiador) e dos Empresários, com vista à recuperação empresarial, em situações individuais e concretas.

2.CENTRO DE INOVAÇÃO E QUALIFICAÇÃO EMPRESARIAL

A Universidade de Coimbra e as Instituições de Ensino Superior em geral são um importante activo da cidade, absolutamente estratégico e diferenciador. Tanto mais quanto saibamos tirar partido das suas virtualidades de modo sistemático e integrado. Sistemático, porque subordinado a um verdadeiro Plano de Desenvolvimento. Integrado, porque em articulação institucional com todos os actores relevantes, tais como a autarquia, as associações empresariais, os sindicatos, os organismos do Estado.

É urgente colocar essas competências e energias ao serviço, quer da incubação de novos projectos empresariais, de elevado valor acrescentado, quer mesmo da incorporação de factores de inovação e qualificação, na esfera dos sectores mais tradicionais da nossa economia.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

36 depois de Abril – democracia e associativismo

Passaram 36 anos do 25 Abril de 1974. Muitos de nós vivemos esse período como o momento em que todos os idealismos e utopias libertadoras eram possíveis. Era o início de um futuro sem injustiças, o sonho de uma terra de fraternidade, como na canção celebrizada na voz do Zeca Afonso nessa longínqua madrugada.

Infelizmente, os sonhos de Abril e a esperança num país avançado, desenvolvido e justo têm vindo a morrer aos poucos, ano após ano, dando lugar a um sentimento de descrença, de fatalismo, e de inelutabilidade perante a persistência das injustiças, do atraso, e de défices democráticos em diversos domínios.

É certo que houve progressos inquestionáveis ao longo de mais de três décadas de institucionalização da nossa democracia. Na educação, na saúde, na ciência, na cultura, etc., Portugal deu passos importantes no seu desenvolvimento. Mas os atrasos estruturais permanecem em diversas áreas, e é por isso que os impactos da crise que vivemos se fazem sentir de forma tão drástica.

Neste quadro de dificuldades, a cidadania plena está longe de ser alcançada. As instituições democráticas perdem eficácia e transparência, levando os cidadãos a descrer em número cada vez maior no futuro da democracia. A “classe política” e os partidos políticos tornaram-se nos maiores factores de desconfiança por parte dos portugueses. Paralelamente, crescem o desespero e o descontentamento de milhares de desempregados, de famílias em risco de pobreza e de jovens que não vislumbram uma fresta de futuro após concluírem a sua formação escolar (inclusive universitária). Perante estes problemas, as estruturas sindicais e os seus modos de actuação ou estão enfraquecidos e impotentes ou desajustados da actual realidade laboral e, assim, impedidos de responder aos problemas dos trabalhadores mais precarizados e dos desempregados.

Nenhuma democracia pode ser forte se não for sustentada por uma sociedade civil activa, consciente e organizada. Partidos políticos, instituições e sindicatos só poderão renovar-se e revigorar-se se os cidadãos organizados em associações e os movimentos sociais forem reactivados. Precisamos de resistir contra a tendência de corrosão generalizada das instituições democráticas, e consequentemente, de divórcio irreversível entre os cidadãos e essas mesmas instituições. Os partidos políticos, sobretudo os grandes – alucinados pelo exercício do poder político – tendem a renegar os seus valores e a promover oligarquias movidas por interesses privados, desprezando o debate de ideias, a vontade dos militantes e a opinião dos seus eleitores.

Ora, é precisamente por estes motivos que o associativismo e os movimentos sociais voltam a ganhar importância e actualidade. Muitos militantes, simpatizantes e eleitores do PS afastam-se da actividade política devido a esta situação preocupante e que pode, a prazo, por em causa o próprio regime democrático. É, por isso, fundamental e urgente promover o debate em torno destes problemas. Travar e inverter estas tendências é uma obrigação dos socialistas que não querem abdicar dos seus princípios e ideais, e que acreditam ser possível recuperar a esperança e realizar as promessas de Abril.

Elísio Estanque

terça-feira, 20 de abril de 2010

Resumo - Debate Desenvolvimento Económico e Social

Fórum “Ideias com Futuro”

Candidatura de Paulo Valério à CPC PS Coimbra

Café Santa Cruz, Coimbra , 13 de Abril de 2010


Participantes:

Gonçalo Quadros
Fátima Carvalho
João Vasco Ribeiro
Alberto Costa
Rodrigo Maia (Moderador)

Gonçalo Quadros iniciou a sua intervenção destacando a actual fase de mudança de paradigma do desenvolvimento económico e social, referindo que o actual sistema de distribuição da riqueza gerada no hemisfério Norte - que vive com excesso de riqueza, muito à custa do hemisfério Sul - está esgotado, urgindo encontrar um novo modelo. Temos de pensar e fazer de forma diferente. Sublinhou ainda que não pode haver desenvolvimento económico sem desenvolvimento social e vice-versa.

À escala local, identificou a Universidade como o mais importante activo existente em Coimbra – activo que se traduz na capacidade de gerar tecido social que, por sua vez, cria desenvolvimento económico -, pelo que cumpre saber como aproveitar e potenciar tal activo.

Entende que Coimbra está hoje a pagar o preço da importância que já teve, de já ter sido “a” referência a nível nacional, tendo-se gerado, no seu seio, um conjunto de actores que, por acomodação, achou que tudo estava conquistado. Tal convicção determinou a não utilização, por Coimbra, dos seus recursos – leia-se, inteligência, capacidade de fazer e de conquistar -, com as exigidas determinação, empenho e agressividade. O facto de existirem, actualmente, dezenas de universidades no país, exige que Coimbra perceba como competir com outras regiões com potenciais semelhantes. Começam aqui, segundo Gonçalo Quadros, os problemas de Coimbra

No fundo, temos de ser capazes de continuar a gerar conhecimento, formar pessoas inteligentes e talentosas, acrescentando, ainda, um nível de exigência e ambição que, neste momento, não temos. Mais do que inteligência e talento, interessa a ambição, determinação, orgulho e a vontade de nos ultrapassarmos, até porque no mundo actual o conhecimento de hoje, amanhã estará ultrapassado.

Na sua opinião, cumpre transformar a comunidade que somos todos nós numa comunidade mais exigente, mais ambiciosa, com mais vontade de dar e menos de receber. Não podemos esperar que seja uma entidade superior a nós (Estado ou Governo) a tomar conta dos males que todos reconhecemos existirem. Cada um de nós tem de empenhar-se a fazer aquilo que pode. É uma luta, até porque tudo o que conseguimos deve ser conseguido com sacrifício, determinação e assunção de desconforto. O grande desafio de Coimbra é ser 1000 vezes mais exigente e ambiciosa consigo. Dar mais e pedir menos.

Fátima Carvalho identificou como o grande problema do sector têxtil em Coimbra, o facto de as suas empresas serem empresas ditas de “ fim de linha”, ou seja, com pouco ou nenhum valor acrescentado, que se limitam a responder a encomendas de grandes empresas/ marcas. Tal valor acrescentado só poderá ser obtido através de uma aposta na inovação e no design, na construção de marcas e diferenciação de produtos.

Continuou a sua intervenção, sublinhando que a actual crise pode ser um motor e um ponto de partida importantes. Apontou como exemplo concreto a seguir a criação da “Casa dos Saberes” que permite e estimula o encontro entre todos os saberes e os saberes de todos, iniciativa importante como tentativa de inversão da situação em que nos encontramos.

Entende ainda que continuará a existir mercado para os têxteis, bem como para a cerâmica ou qualquer outro sector considerado tradicional, não nos actuais moldes de produção em massa - nos quais não somos nem poderemos ser competitivos -, mas sim com novas formas de produção que deverão, inevitavelmente, passar pela aposta na diferenciação e criatividade dos processos e produtos.

A terminar, exortou Paulo Valério a continuar a contribuir para a ajudar a transformar e encontrar soluções para a nossa cidade.

Alberto Costa começou por referir que Coimbra foi sempre melhor e foi sempre maior quando pensou o mundo e falou para o mundo e para o país, do que quando se debruçou excessivamente sobre si própria.

Realçou a relatividade dos conceitos, atendendo, nomeadamente, à envolvente histórica, geográfica, e até social, de cada indivíduo. Exemplificou, afirmando que, se para uns o desenvolvimento económico e social passará por ter um emprego, para outros tal implicará por ter um bom emprego.

Continuou, referindo-se à actual crise que vivemos e que veio abalar algum do nosso bem-estar. A crise de que ainda não saímos, mas que, supostamente, já atingiu o seu pico. Esta crise que teve origem, fundamentalmente, na Finança e que só não foi ainda mais devastadora devido à intervenção dos Estados que tentaram amenizar os seus efeitos, com medidas de auxílio aos sistemas financeiros, por um lado, e medidas de combate ao desemprego, por outro.

Mais afirmou existirem, actualmente, em Portugal, 570.000 desempregados; muitas boas empresas, apesar de bem geridas, foram atingidas pela crise global e deixaram de ter procura. Só na Região Centro, existem 80.000 desempregados, sendo que 70% continuam a ser os que têm menos qualificações, no máximo o ensino obrigatório. Só Coimbra tem 6.400 desempregados, com média de qualificações superiores à média nacional; pessoas que procuram uma oportunidade em Coimbra, mas que não a encontram.

Para ultrapassar o problema do desemprego, referiu como ponto de partida a existência de melhores empresas, que, no actual cenário, tem – e na sua opinião, já o é - de ser complementada com adequadas políticas públicas activas de incentivo ao emprego. Na sua perspectiva, o combate ao desemprego não poderá passar, apenas, pela aposta no empreendedorismo, já que o mesmo não constitui a salvação de todos os desempregados.

Realçou ainda a necessidade da credibilização da Política e dos Políticos, urgindo voltar a acreditar nas pessoas. Neste contexto, mostra-se inevitável acentuar o combate à corrupção, tendo salientado a necessidade de valores, crenças e ideologias, só assim fazendo sentido falar em desenvolvimento económico e social.

Terminou afirmando considerar falsa e perigosa a generalização da ideia de que os desempregados são pessoas que não querem trabalhar, ou não fosse o maior medo daqueles que ainda têm emprego, perdê-lo.

João Vasco Ribeiro começou por sublinhar que o Desenvolvimento tem de ser centrado nas pessoas, ou seja, deve ser Humano. Continuou, apontando como o motor do desenvolvimento regional um território estruturado, com pessoas qualificadas e com ambição; um espaço e território em que se garanta o acesso das pessoas aos bens essenciais, fruição dos bens culturais, lazer e cidadania activa.

Urge qualificar as pessoas, aumentando a capacidade de gerar riqueza pelos territórios, o que não poderá fazer-se sem o contributo da Universidade e/ ou Centros de Saber. O passo seguinte passará por conseguir transferir este conhecimento para o tecido produtivo e económico.

Continuou, afirmando que a competitividade deve ser aferida por outros factores que não o preço. Mais sublinhou que existindo, actualmente, poucas empresas em Coimbra a vender para mercados internacionais, importa ter em conta o mercado global e não apenas o mercado local. Completou que, competir neste mercado, implica inovação constante.

Também o território tem de ser competitivo à escala global e deve estar sempre a inovar. Também os territórios competem, na atracção e retenção de pessoas, captação de empresas e investimentos e sempre de uma forma em que garanta a equidade e justiça sociais e a tolerância.

Defendeu para Coimbra, como “Ideia para o Futuro”, como sua ambição, uma cidade inovadora, criativa, socialmente coesa, bem planeada e bem governada, realçando que tem faltado uma lógica de planeamento e liderança política à cidade, o que determina que Coimbra não assuma a sua capitalidade da região, enquanto cidade âncora do desenvolvimento regional. Falta afirmação à cidade.

Terminou defendendo como área de especialização para Coimbra o “cluster” da saúde, ciências da vida, biotecnologias e o bem-estar das populações, para o que será necessário, além de potenciar os recursos já existentes, atrair grandes agentes internacionais que actuem nesta área. Como complemento, não se poderá esquecer o turismo, o património e as indústrias criativas.

O debate concluiu-se após um período de discussão com a assistência em que foram reforçadas e esclarecidas algumas das ideias previamente apresentadas pelos vários intervenientes.

domingo, 11 de abril de 2010

COIMBRA – QUE DESENVOLVIMENTO? QUE MODELO SOCIAL?

“Se meto os pés para dentro, a partir de agora
Eu meto-os para fora
Se dizia o que penso, eu posso estar atento
E pensar para dentro
Se queres que seja duro, muito bem eu serei duro
Se queres que seja doce, serei doce, ai isso juro
Eu quero é ser o tal
E como o tal reconhecido
Assim, digo-te ao ouvido

Se eu mandasse neles, os teus trabalhadores
Seriam uns amores
Greves era só das seis e meia às sete
Em frente ao cacetete
Primeiro de Maio só de quinze em quinze anos
Feriado em Abril só no dia dos enganos
Reivindicações quanto baste mas non tropo
- Anda beber mais um copo

Arranja-me um emprego
Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa, concerteza
Que eu dava conta do recado e pra ti era um sossego”


Sérgio Godinho, um dos nossos mais notáveis cantautores, editou em 1979 o disco Campolide, onde se destaca o tema “Arranja-me um emprego”. O excerto acima sugere a mansidão a que frequentemente se dispõe o Homem, quando o que estaá em causa é governar a vida. À parte do que se possa dizer sobre as concessões a que a necessidade obriga, faz sentido recordar aquele tema hoje, quando se discute o desenvolvimento de Coimbra.

Apesar da bravura de algumas consciências, não cremos poder o Homem tornar-se verdadeiramente livre, enquanto não estejam garantidas as condições da sua própria subsistência. E, desse ponto de vista, se há em Coimbra um problema de falta de emprego e de falta de empresas, haverá certamente menos Liberdade do que gostaríamos e seremos todos, nessa medida, menos Cidadãos.

É por isso importante encarar o problema de frente. Sem ter como ponto de partida – e de chegada! - a ideia bizarra de que Coimbra está condenada, “vocacionada” até, a ser um cidade de serviços; e sem persistir nos clichés do costume, aqueles que, simplesmente, pretendem aplicar um choque tecnológico a Coimbra, coisa que, repetida à exaustão, parece não chocar já rigorosamente ninguém.

Não vemos em que momento da história coimbrã se identifica a irremediabilidade genética de nos especializarmos em passar certidões e carimbar selos; nem nos inspira o horizonte tecnológico, se isso implicar desistir dos desempregados da Poceram, da Real Cerâmica, da USID e de outras mais que hão-de vir.

Ante a degradação dos sectores tradicionais e a reluzência das tecnologias, o caminho não pode ser, não deve ser, à partida, destruir todo o sector produtivo para construir um edifício de raiz. A mudança far-se-á, talvez, comprometendo todos com um modelo de desenvolvimento que seja económico, mas que seja também social. Está por provar, para começo de conversa, que não possam as tecnologias ser também factor de reabilitação dos sectores tradicionais, além de serem, por si só, um filão a explorar.

A menos, claro, que se deseje uma cidade sem oportunidades. Um território de privilégio para alguns e de exclusão para a maioria, em que o emprego deixe de ser um direito e passe a ser, afinal, como na canção do Sérgio Godinho, um favor.

COMPROMISSO - UMA POLÍTICA CULTURAL DE ESQUERDA

1. Princípios

Assumir a Cultura como uma área de intervenção de competência e de particular interesse autárquico para uma cidade com a história, a tradição e a centralidade cultural de Coimbra;

Assumir a necessidade de um orçamento específico não negligenciável e não reafectável da autarquia e das juntas de freguesia para a área da Cultura;

Assumir e explorar a relevância económica, laboral, urbanística e política da Cultura e da Criação Artística;

Valorizar as tradições culturais da cidade e concelho de Coimbra e a sua relevância, quer para o turismo e economia locais, quer para a projecção nacional e internacional da Cidade.

Pugnar por uma visão plural e integradora da Cultura, esbatendo a natureza “erudita” ou “popular” das manifestações culturais como derradeiro traço distintivo e factor de conflitualidade.

2. Objectivos gerais

Promover condições de criação, produção e fruição artística e cultural, tornando-as acessíveis ao maior número de munícipes;

Promover a diversidade de oferta cultural e artística, bem como a formação dos públicos para todos géneros de expressão artística;

Promover as relações e cooperação intermunicipal, inter-freguesias e entre agentes culturais, de modo a possibilitar a criação e difusão cultural em rede, potenciando os objectivos anteriores;

Promover a imagem de Coimbra como cidade de forte dinamismo cultural na Região Centro e no País.

3. Propostas

CASA DAS ARTES

Criar um modelo de apoio à criação e formação artísticas, concedendo condições de incubação a projectos culturais de mérito, anualmente, mediante concurso público;

ESCRITA, LEITURA E LIVRO

Explorar, em conjunto com os serviços educativos, a centralidade da Escrita, da Leitura e do Livro em Coimbra, contribuindo para a sua afirmação e projecção nacional e internacional.

TEATRO

Desenvolver o potencial do Teatro em Coimbra e em toda a bacia do Baixo Mondego, tirando partido das companhias de teatro amador e profissional aí existentes, da excelência do trabalho que desenvolvem e do potencial da sua articulação.

SIM - CULTURA (SOCIEDADE INTERMUNICIPAL DE CULTURA)

Promover, num esforço de cooperação com os Concelhos vizinhos, uma associação intermunicipal, que tenha por escopo a dinamização e promoção cultural em rede, aproveitando sinergias, quer ao nível dos agentes culturais, dos recursos e das infra-estruturas existentes, quer ao nível da respectiva programação.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Resumo - Debate Cultura

Fórum "Ideias com Futuro"

Candidatura de Paulo Valério à CPC PS Coimbra

Foyer do Teatro Académico Gil Vicente, 30 de Março de 2010

Participaram:

Paulo Jorge Granja (moderador)
António Pedro Pita
Isabel Nobre Vargues
Francisco Curate


Foi um debate aceso e bem-disposto, que permitiu a concretização de algumas ideias-chave que permitem dar orientação a uma estratégia politica cultural para Coimbra.

À sensação de um certo cinzentismo e auto-flagelação que perpassam o espírito colectivo de Coimbra o professor António Pedro Pita contrapôs uma série de exemplos de revitalização patrimonial da cidade, que têm sido levados a cabo por intermédio de grandes nomes da arquitectura portuguesa contemporânea, e sob a égide dos poderes públicos que tanto se diz desinteressarem-se pela cidade. O mesmo orador assentou a tónica da sua participação no facto de os debates recorrentes sobre cultura em Coimbra carecerem de uma certa efectividade, relevando que o que é necessário é definirem-se 2 ou 3 objectivos que deverão ser discutidos e preparados, sim, mas uma vez escolhidos deverão orientar a politica cultural, sem desvios, retro reflexões ou discussões paradigmáticas que só fazem atrasar a implementação e o sucesso de qualquer estratégia que se tente delinear. Segundo o Director Regional de Cultura, o Património, o Teatro e o Livro (como eixo de industrialização de cultura), são as mais valias de que Coimbra dispõe no âmbito da política cultural.

Para Francisco Curate o diagnóstico da doença cultural coimbrã está feito, a conclusão é sempre a mesma e tem a ver com falta de financiamento e interesse do poder público. Além disso, corroborou o professor António Pedro Pita na necessidade de se seguirem dois ou três pontos fortes orientadores da política cultural. Embora questione uma efectiva decadência cultural, pois considera que continuam a fazer-se coisas extraordinárias, alegou verificar-se que o financiamento da CMC é curto e regressivo de há seis a oito anos a esta parte. Francisco Curate referiu o carácter essencial da cultura, que tem feito de Coimbra um farol cultural do país.

Terminou alegando que os subsídios não devem menorizar os artistas pois "não é por se receber subsidio que se é parasita", já que toda a gente merece ser paga pelo seu trabalho.

A professora Isabel Vargues refutou a ideia de decadência na cultura em Coimbra, chamando a atenção para a existência de vários públicos, do analfabeto ao erudito, que têm que ser trabalhados e motivados de diferentes maneiras, contrapondo esta variabilidade à ideia feita da existência de público como entidade monolítica com comportamento homogéneo.

Do público presente destacam-se as ideias de que a cultura é geradora de riqueza e contribui efectivamente para a democracia participativa, um aspecto pouco focado na sua valorização.

Olga Moreira, organizadora da iniciativa cultural urbana “Mercado Quebra-Costas”, presente na audiência, falou do seu projecto, particularmente das dificuldades e facilidades que se depararam na sua realização.

Para Paulo Abrantes, fotógrafo, presente no público, a “culpa” da ineficiência cultural da cidade não é dos poderes públicos mas sim dos artistas e agentes culturais que vivem de costas voltadas, não colaborando nem participando das actividades uns dos outros.

A participação foi calorosa e interessada da parte de todos tendo-se estendido as conversas para fora das portas do TAGV, pela noite dentro, em grupos menores, mas não menos interessados ou empolgados