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terça-feira, 20 de abril de 2010

Resumo - Debate Desenvolvimento Económico e Social

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Fórum “Ideias com Futuro”

Candidatura de Paulo Valério à CPC PS Coimbra

Café Santa Cruz, Coimbra , 13 de Abril de 2010


Participantes:

Gonçalo Quadros
Fátima Carvalho
João Vasco Ribeiro
Alberto Costa
Rodrigo Maia (Moderador)

Gonçalo Quadros iniciou a sua intervenção destacando a actual fase de mudança de paradigma do desenvolvimento económico e social, referindo que o actual sistema de distribuição da riqueza gerada no hemisfério Norte - que vive com excesso de riqueza, muito à custa do hemisfério Sul - está esgotado, urgindo encontrar um novo modelo. Temos de pensar e fazer de forma diferente. Sublinhou ainda que não pode haver desenvolvimento económico sem desenvolvimento social e vice-versa.

À escala local, identificou a Universidade como o mais importante activo existente em Coimbra – activo que se traduz na capacidade de gerar tecido social que, por sua vez, cria desenvolvimento económico -, pelo que cumpre saber como aproveitar e potenciar tal activo.

Entende que Coimbra está hoje a pagar o preço da importância que já teve, de já ter sido “a” referência a nível nacional, tendo-se gerado, no seu seio, um conjunto de actores que, por acomodação, achou que tudo estava conquistado. Tal convicção determinou a não utilização, por Coimbra, dos seus recursos – leia-se, inteligência, capacidade de fazer e de conquistar -, com as exigidas determinação, empenho e agressividade. O facto de existirem, actualmente, dezenas de universidades no país, exige que Coimbra perceba como competir com outras regiões com potenciais semelhantes. Começam aqui, segundo Gonçalo Quadros, os problemas de Coimbra

No fundo, temos de ser capazes de continuar a gerar conhecimento, formar pessoas inteligentes e talentosas, acrescentando, ainda, um nível de exigência e ambição que, neste momento, não temos. Mais do que inteligência e talento, interessa a ambição, determinação, orgulho e a vontade de nos ultrapassarmos, até porque no mundo actual o conhecimento de hoje, amanhã estará ultrapassado.

Na sua opinião, cumpre transformar a comunidade que somos todos nós numa comunidade mais exigente, mais ambiciosa, com mais vontade de dar e menos de receber. Não podemos esperar que seja uma entidade superior a nós (Estado ou Governo) a tomar conta dos males que todos reconhecemos existirem. Cada um de nós tem de empenhar-se a fazer aquilo que pode. É uma luta, até porque tudo o que conseguimos deve ser conseguido com sacrifício, determinação e assunção de desconforto. O grande desafio de Coimbra é ser 1000 vezes mais exigente e ambiciosa consigo. Dar mais e pedir menos.

Fátima Carvalho identificou como o grande problema do sector têxtil em Coimbra, o facto de as suas empresas serem empresas ditas de “ fim de linha”, ou seja, com pouco ou nenhum valor acrescentado, que se limitam a responder a encomendas de grandes empresas/ marcas. Tal valor acrescentado só poderá ser obtido através de uma aposta na inovação e no design, na construção de marcas e diferenciação de produtos.

Continuou a sua intervenção, sublinhando que a actual crise pode ser um motor e um ponto de partida importantes. Apontou como exemplo concreto a seguir a criação da “Casa dos Saberes” que permite e estimula o encontro entre todos os saberes e os saberes de todos, iniciativa importante como tentativa de inversão da situação em que nos encontramos.

Entende ainda que continuará a existir mercado para os têxteis, bem como para a cerâmica ou qualquer outro sector considerado tradicional, não nos actuais moldes de produção em massa - nos quais não somos nem poderemos ser competitivos -, mas sim com novas formas de produção que deverão, inevitavelmente, passar pela aposta na diferenciação e criatividade dos processos e produtos.

A terminar, exortou Paulo Valério a continuar a contribuir para a ajudar a transformar e encontrar soluções para a nossa cidade.

Alberto Costa começou por referir que Coimbra foi sempre melhor e foi sempre maior quando pensou o mundo e falou para o mundo e para o país, do que quando se debruçou excessivamente sobre si própria.

Realçou a relatividade dos conceitos, atendendo, nomeadamente, à envolvente histórica, geográfica, e até social, de cada indivíduo. Exemplificou, afirmando que, se para uns o desenvolvimento económico e social passará por ter um emprego, para outros tal implicará por ter um bom emprego.

Continuou, referindo-se à actual crise que vivemos e que veio abalar algum do nosso bem-estar. A crise de que ainda não saímos, mas que, supostamente, já atingiu o seu pico. Esta crise que teve origem, fundamentalmente, na Finança e que só não foi ainda mais devastadora devido à intervenção dos Estados que tentaram amenizar os seus efeitos, com medidas de auxílio aos sistemas financeiros, por um lado, e medidas de combate ao desemprego, por outro.

Mais afirmou existirem, actualmente, em Portugal, 570.000 desempregados; muitas boas empresas, apesar de bem geridas, foram atingidas pela crise global e deixaram de ter procura. Só na Região Centro, existem 80.000 desempregados, sendo que 70% continuam a ser os que têm menos qualificações, no máximo o ensino obrigatório. Só Coimbra tem 6.400 desempregados, com média de qualificações superiores à média nacional; pessoas que procuram uma oportunidade em Coimbra, mas que não a encontram.

Para ultrapassar o problema do desemprego, referiu como ponto de partida a existência de melhores empresas, que, no actual cenário, tem – e na sua opinião, já o é - de ser complementada com adequadas políticas públicas activas de incentivo ao emprego. Na sua perspectiva, o combate ao desemprego não poderá passar, apenas, pela aposta no empreendedorismo, já que o mesmo não constitui a salvação de todos os desempregados.

Realçou ainda a necessidade da credibilização da Política e dos Políticos, urgindo voltar a acreditar nas pessoas. Neste contexto, mostra-se inevitável acentuar o combate à corrupção, tendo salientado a necessidade de valores, crenças e ideologias, só assim fazendo sentido falar em desenvolvimento económico e social.

Terminou afirmando considerar falsa e perigosa a generalização da ideia de que os desempregados são pessoas que não querem trabalhar, ou não fosse o maior medo daqueles que ainda têm emprego, perdê-lo.

João Vasco Ribeiro começou por sublinhar que o Desenvolvimento tem de ser centrado nas pessoas, ou seja, deve ser Humano. Continuou, apontando como o motor do desenvolvimento regional um território estruturado, com pessoas qualificadas e com ambição; um espaço e território em que se garanta o acesso das pessoas aos bens essenciais, fruição dos bens culturais, lazer e cidadania activa.

Urge qualificar as pessoas, aumentando a capacidade de gerar riqueza pelos territórios, o que não poderá fazer-se sem o contributo da Universidade e/ ou Centros de Saber. O passo seguinte passará por conseguir transferir este conhecimento para o tecido produtivo e económico.

Continuou, afirmando que a competitividade deve ser aferida por outros factores que não o preço. Mais sublinhou que existindo, actualmente, poucas empresas em Coimbra a vender para mercados internacionais, importa ter em conta o mercado global e não apenas o mercado local. Completou que, competir neste mercado, implica inovação constante.

Também o território tem de ser competitivo à escala global e deve estar sempre a inovar. Também os territórios competem, na atracção e retenção de pessoas, captação de empresas e investimentos e sempre de uma forma em que garanta a equidade e justiça sociais e a tolerância.

Defendeu para Coimbra, como “Ideia para o Futuro”, como sua ambição, uma cidade inovadora, criativa, socialmente coesa, bem planeada e bem governada, realçando que tem faltado uma lógica de planeamento e liderança política à cidade, o que determina que Coimbra não assuma a sua capitalidade da região, enquanto cidade âncora do desenvolvimento regional. Falta afirmação à cidade.

Terminou defendendo como área de especialização para Coimbra o “cluster” da saúde, ciências da vida, biotecnologias e o bem-estar das populações, para o que será necessário, além de potenciar os recursos já existentes, atrair grandes agentes internacionais que actuem nesta área. Como complemento, não se poderá esquecer o turismo, o património e as indústrias criativas.

O debate concluiu-se após um período de discussão com a assistência em que foram reforçadas e esclarecidas algumas das ideias previamente apresentadas pelos vários intervenientes.

1 comentário:

  1. Da próxima vez que se pretender discutir se Coimbra é (ou deve ser) uma cidade de serviços ou uma cidade industrial, aconselho a leitura prévia deste artigo sobre "política industrial":
    http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fjornal.publico.pt%2Fnoticia%2F18-04-2010%2Fo-regresso-da-politica-industrial-19218808.htm&h=9f4bc

    Na verdade, muito do que nele se pode ler, principalmente no fim, também diz respeito à política económica, cultural, habitacional, etc...

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